quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O mito de Sísifo

       
          Ah, esse blog q parece tão abandonado, entregue ao tempo e ao mundo virtual, vagando por aí, nas redes sem nada de novo... Mas é apenas aparência e bastante falta de tempo para as atualizações porque de filosofia tenho estado ocupada e com uma conta alta de uma megastore para pagar (resultado de uma ida sem objetivos às estantes). Pois é... faltam coisas/projetos para terminar (o Onfray, o Nietzsche...). Agora, a essa lista se acrescentam o existencialismo, por enquanto, de Simone de Beauvoir e Camus. Ganhar na mega-sena seria uma solução e tanto e o mundo é tão absurdo (né Camus?) que poderia tb não resolver. Aguardem. A minha vida dá voltas e acaba chegando aonde tem de chegar. Por enquanto estou às voltas com o livro ao lado, absurdamente lindo e acompanhado de um vinho chileno.

domingo, 11 de setembro de 2011

O onze de setembro e os fantasmas q nos habitam

      Eu estava lendo a Folha de São Paulo, mais especificamente o texto do Marcelo Gleiser q, hoje, trata da unidade. O autor, mais um vez, faz a ponte entre a ciência pura, a física, com a nossa existencia social e psicológica. Mostra-nos que sob o tema da Unidade está inerentemente estabelecida a necessidade da Conectividade. Esta é constituinte essencial daquela.
    Como que para provar a tese do autor, eu me lembrei na mesma hora do texto q havia acabado de ler, fazia uns cinco minutos, do Roberto Freire (o psicoterapeuta anarquista, não o deputado). Os dois textos estão conectados com um terceiro texto abordado por Freire, formam, portanto, uma unidade. Esse terceiro texto trata-se da conferência de Karl Jaspers, "A Bomba Atômica e o Futuro da Humanidade", feita em cadeia de rádio na Alemanha de 1956.
     Em sua conferência, Jaspers analisa o que seria preciso ser feito para evitar de vez uma possível hecatombe nuclear mundial. Analisando cenários políticos e econômicos, o autor vê poucas chances. Então, chega à conclusão de que o único modo de se evitar a destruição civilizatória seria através da mudança individual. Nas palavras do autor: "... qual seria o único caminho possível par a solução do problema: a necessidade - maior hoje do q antigamente, provocada com institência insuperável pela situação atual - de transformarmos nossa maneira de sentir e pensar, nossa vontade ético-política". E mais à frente, acrescenta: "Se o homem quiser continuar a viver, terá de  transformar-se". E essa transformação, segundo Jaspers, ancora-se numa postura pessoal em relação a cada pequena ação praticada, a cada palavra dita, pois os fantasmas q geram os regimes totalitários e a perspectiva do suicídio civilizatório habitam cada um de nós. Portanto, a mudança no cenário macro, transnacional, se dá antes pela mudança nas nossas atitudes e conceitos e pré-conceitos diários, cotidianos.
       O texto de Freire, de 30/07/1976, trata da Olimpíada de Montreal, fazendo-lhe a leitura da Aldeia Global, de Marshall MacLuhan, acrescida da análise do papel dos atletas soviéticos e americanos na propaganda nacionalista dentro do cenário da Guerra Fria. "É que enxego através do disfarce agradável e fascinante do esporte, a verdadeira e desastrosa face dos super-homens que habitam e dominam a Aldeia Global. Sim, porque a beleza e ingenuidade aparente dos jogos atléticos não escondem mais, para mim, o horror dos jogos bélicos a que eles correspondem", diz Freire.
      Infelizmente, a discussão de Marcelo Gleiser só vem atualizar a discussão dos outros dois autores, mostrando que a necessidade de conexão entre os povos enfrenta, ainda hoje em 2011, os fantasmas que habitam cada indivíduo e que são projetados no outro a quem rapidamente instituímos como inimigos.               
       Infelizmente, a conexão entre os três textos mostra que nós não mudamos nada, que ainda somos como nossos pais, como cantava Elis.
       Para finalizar, Gleiser deixa como apelo um vídeo maravilhoso protagonizado, dentre outros,  por Carl Sagan. Um apelo pela unidade q devemos ser, porque ela é inerente à vida. A morte é q é a dissolução. Deixo o link e a reflexão pra vcs.
http://www.youtube.com/watch?v=XGK84Poeynk&feature=youtu.be

           

domingo, 4 de setembro de 2011

Leituras: Jung e as projeções alquímicas

Os três volumes do Mysterium Coniunctionis são, na verdade,  uma viagem à alma do homem contemporâneo a partir da análise de textos produzidos por alquimistas medievais. Trata-se de leitura densa q deve ser feita com atenção e parads reflexivas, pois não há como ser o mesmo depois de passar pela obra. Descobrimos que somos ainda muito medievais, descobrimos q há muitas coisa dentro de nós q precisam ser revolvidas para serem resolvidas. A leitura é, em si, um processo alquímico.No ler a obra, lemo-nos.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Onfray e o feminino

        Optei por colocar, no título, o termo feminino e não feminismo dado o desgaste e a multiplicidade de concepções e usos deste último. Ao desenvolver a proposta da erótica solar, Onfray mostra o quanto a questão feminina precisa ser revista ainda hoje. Os modelos e padrões de relacionamento ainda se assentam numa visão diminuidora da mulher e de seu erotismo. O autor lembra q a qualificação de Don Juan para os homens é positiva, mas uma mulher q resolva encarnar um papel semelhante, que resolva basear suas relações no erotismo, na maioria das vezes, é tratada de forma negativa pelos homens e, até, pelas próprias mulheres.
    O feminismo q se desenvolveu na sociedade ocidental na segunda metade do século passado trouxe para as relações e para a cama uma resposta sexista incorporando, no terreno erótico, a luta de classes. É claro q daí só poderiam surgir relações neuróticas carregadas de transferências negativas.
     A libertinagem erótica, tratada como pecado pelo cristianismo  e vista como imoral pela sociedade de capital e produção, apropriadora da força vital de cada um de nós, precisa ser reconsiderada em outros termos. Precisa ser resgatada naquilo q tem de mais lindo q é a expressão da vida: um ser pleno de vida é um ser em que o erotismo está no corpo, nas palavras,  no cotidiano... Porém chegamos em casa extenuados de trabalhar, estressados com o ritmo q nos é imposto, formatados por modelos de comportamento com os quais a mídia nos bombardeia... como ser erótico ao fim do expediente? Então tenta-se calar esse grito do corpo/da alma com a bebida ou outra droga qqr, nem q seja a novela.
      Nesse cenário, o feminino, já massacrado na composição tradiconal da fmailia ocidental cristã, é, agora também, massacrado pela sociedade de produção e de consumo. O corpo feminino, antes sede do pecado, agora é mais uma máquina no sistema produtivo. Ser erótico e leve é mandar à merda tudo isso. Daí o caráter revolucionário da proposta. E o mais interessante é q a coisa comece pela mulher porque daí todo o edifício q se construiu sobre a negação de seu erotismo vem abaixo (familia, sociedade, trabalho, casamento...). A mulher morre na esposa e na mãe e, agora também, na profissional bem sucedida (quando isso é visto como sucesso dentro do esquema produtivo). Sua energia é consumida e o erotismo tem q ser enquadrado no esquema apolíneo quando ele é, por natureza, dionisíaco.