sexta-feira, 21 de agosto de 2009

MELISSO DE SAMOS

Conviveu com Parmênides, tornando-se seu discípulo. Foi almirante e combateu os atenienses liderados por Péricles. Embora tenha seguido o eleatismo, imprimiu-lhe uma mudança substancial ao conceber o Ser-Uno como infinito no tempo e no espaço, em oposição à proposta parmenídica de sua finitude: “Se fosse um só, seria limitado por alguma outra coisa” (Melisso, Frg. 5). E noutro fragmento:
“Não tendo sido gerado, é, sempre foi e sempre será, não tem início e não tem fim: é ilimitado. Pois tivesse sido gerado, teria um início (se gerado, deveria ter um início) e um fim (se gerado, deveria chegar a um fim); se, ao contrário,não começou nem chegou a um fim, sempre foi e sempre será, não tem início nem fim. Pois, o que não é o todo, é impossível que seja sempre” (Melisso, Frg. 2).
Enquanto Zenão preocupou-se em defender as teses eleatas através de uma lógica argumentativa, Melisso centrou suas reflexões na dedução coerente dos atributos do Ser apresentados por Parmênides. Por outro lado, coloca em descrédito o conhecimento sensível por não ser a fonte fidedigna da percepção e compreensão do Ser-Uno. Percebe-se que Melisso coloca sob fogo a questão da mudança: “Se o ser mudasse ainda só o equivalente um cabelo em dez mil anos, seria inteiramente destruído na totalidade do tempo” (Melisso, Frg. 7). O conhecimento sensível é, portanto, falso porque nos testemunha, ao mesmo tempo, a realidade das coisas e sua mudança.
Russel (2002, 58) considera que Melisso antecipou a proposta atomista ao argumentar que, se considerada a pluralidade das coisas, cada uma delas deve ser, em si, como o Uno, ou seja, dividiu-se a esfera parmenídica em esfera menores como propuseram os atomistas.

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